sexta-feira, 26 de setembro de 2008
segunda-feira, 22 de setembro de 2008
Especial Jambolada.
(Ou a saga de uma frutinha)
Por Pedro Pracchia
De quibes de soja a literatura, música, cabelos e películas (dvds na verdade, exagerei na poesia), o “suco” obtido do liquidificador uberlandense Jambolada reflete a opinião da vocalista do Filomedusa quando diz se sentir num país europeu em Uberlândia.“Eu me sinto na Itália brasileira”. O diálogo entre as vertentes artísticas é estabelecido de maneira natural, num ambiente intrinsecamente propício a elas.
Por dois dias, o festival foi organizado no Acrópole, galpão com grande área externa onde esfihas e quibes vegans eram vendidos junto a sucos naturais. Roupas, tatuagens, o disputado cabeleireiro e os cds ficavam no galpão de trás, próximo ao cinema, onde os filmes que contavam a história da cidade não eram atrapalhados pela música. Era passível, se cinéfilo, entrar ali e esquecer do resto do festival enquanto se assistia um dos curtas metragens. No último dia, as apresentações voltaram a origem quando, cercado de pequenas frutas roxas confundidas em algumas partes do país com azeitonas e malvistas em outras por sujar demais as calçadas de roxo, o espírito do acampamento 98 foi resgatado.
Enquanto as artes ainda lutam pelo desaparecimento de suas divisões nos outros festivais, deviam pleitear ser um organismo, assim como são em Uberlândia. Essa poderia ser a síntese do intuito do coletivo Goma, um “organismo” que organiza o festival. Goma, um estado de matéria nem tão sólida nem tão liquida, é uma substância sem forma definida, que se molda de acordo com o espaço e as forças que nela atuam, vide a goma de mascar ou mesmo a goma arábica. E foi com esse intuito do nome que, ao juntar alunos de diversos cursos da Universidade Federal de Uberlândia em prol de um bem cultural comum, foi germinado nos jambolões o mais acadêmico dos festivais brasileiros.
O Festival
As sextas feiras a noite na Federal de Uberlândia eram regadas a vinho e violões nos bancos embaixo dos jambolões, entre os blocos H e I, até que o reitor resolveu proibir essas “manifestações culturais” dentro do campus. Munidos de barracas, violões e percurssões, uma “malucada” disposta ocupou esse espaço por 15 dias, no que ficou conhecido como acampamento 98.
Quando uma maça caiu na cabeça de Isaac Newton, o físico inglês escreveu a Lei da Gravidade Universal e marcou seu nome na física moderna. Dessa vez, uma chuva de jambolões ideológicos perturbou o sono dos que estavam nas barracas, e produto do acampamento e de toda essa experiência coletiva, não só as barracas ficaram arroxeadas e a posição do reitor foi revista, como germinou bandeiras que desencadearam no Festival Jambolada.
A primeira bandeira foi a busca pelo espaço do som autoral, que já existia ali, dentro da UFU, nas costas de bandas seminais como o Azul de Cavalcante, Santa Manca, Boi Tatá, Tulani e o Pau de Bosta, com a presença de Enzo Banzo e Danislau Também, na época no curso de direito. Em 99, com o programa Escombro na rádio universitária começa a dar vazão a essa produção e é ponto de partida para um segundo patamar de pensamento quanto cenário: começar a pensar na produção do som. O projeto Arte na Praça passa a acontecer todo domingo, gratuitamente, depois da mudança da diretoria de cultura da faculdade.
"Festival Jambolão não cabia, soa meio bobo”. Enzo Banzo
Na Bienal de Arte da Uni no Rio de Janeiro, em 2001, a única cidade com duas bandas selecionadas era representada por Boi Tatá e Pau de Bosta. A recepção dos dois trabalhos e o feedback do público fortalecem uma autoestima por parte dos integrantes. Na volta, Tales do Boi Tatá assumi junto com Alessandro (parceiro de ciências sociais, baladas e idéias ) a produção do Pau de Bosta, que em 2003 muda o nome para Porcas Borboletas. No mesmo ano, Alessandro deixa a produção do Porcas Borboletas e passa a produzir a banda de hardcore Dead Smurfs, hoje do cast da Fora do Eixo Discos.
Quando o Porcas Borboletas consegue aprovar a gravação do primeiro disco, no primeiro ano da lei municipal de incentivo a cultura, Alessandro retoma com Tales o projeto Jambolada apresentado em 2001 a Gabriel Munhoz, Pró Reitor de Extensão e Cultura. Mas o foco agora, em vez de mostra de artes integradas, era um festival de música independente.
O primeiro festival foi realizado em 2005. A verba de 13 mil reais trouxe 10 bandas divididas em dois dias no Sesc da cidade, com entrada gratuita.
Com as atenções voltadas a cidade de 620 mil habitantes do triângulo mineiro, o diálogo com as organizações centrooestianas Espaço Cubo e Monstro Discos estreita ao ponto do Jambolada (mas se não é uma chuva, seria um doce de Jambolões?) entrar para a Abrafin com apenas uma edição. O que as pessoas responsáveis por representar a entidade encontraram foi uma galera disposta a trabalhar dentro dos princípios que julgavam necessários para a criação da associação. Meses depois, seria fechado o estatuto da Associação Brasileira de Festivais Independentes, e o segundo artigo diria (e ainda diz) que o festival só pode fazer parte depois de três edições realizadas em anos consecutivos.
O inconsciente coletivo, numa bem livre interpretação dos conceitos de Carl Jung, pode ser definido como a árvore que segura todos os jambolões (indivíduos), cada jambolão terá sua própria experiência que o tornará único e formará seu incosciente pessoal (um vira doce, outro espatifa na calçada, outro dá idéia pra nome de festival, etc..). Mas existiriam arquétipos presentes no inconsciente de todos eles que o fariam, sobre o mesmo estimulo, chegar a mesma conclusão (algo como no fundo somos todos da mesma árvore...)
A identificação entre Pablo Capilé (idealizador do Espaço Cubo) e Tales foi além de apenas dois organizadores de festivais. Geograficamente longe do centro midiático do país São Paulo – Rio de Janeiro (numa época em que a republica do café com leite já completa muitos anos de sumiço...), a necessidade comum ao pensamento dos dois era aglutinar a ebulição cultural dos pólos que não eram pauta da mídia de massas, alternativa aos efeitos Claudia Leite e Nx Zero (como estrutura de mídia, veja, não há juízo de valor aqui). No bloco 3N da Ufu, um bate papo esboça o que viria a ser o Fora do Eixo. Depois do Jambolada, o Cubo segue para o Varadouro, no Acre, Demosul, em Londrina... o Fora do Eixo se oficializa junto com a Abrafin no final de 2005 em Goiânia, mas essa é outra história.
Assim, o segundo festival Jambolada acontece amparado na fé que tinha nessas estruturas, ainda engatinhando. Sem patrocínios, o festival consegue trazer 22 bandas (uma internacional) baseado nessa troca de experiências e no intercambio de bandas com outros coletivos.
Blog porcas borboletas, 2006:
“Quem já comeu jambolão sabe que ele deixa, por um bom tempo, um azul cor de noite na língua. Não sai com água nem com álcool.”
Acreditar na continuidade dessas estruturas (e no poder oculto do jambolão) e organizar o festival de 2006 contra a maré dos princípios lógicos trás bons frutos em 2007: com projeto aprovado na esfera pública pela lei de incentivo municipal e na esfera privada por um projeto da Natura criado especificamente para o estado mineiro, o festival chega ao orçamento de 160 mil reais. As prévias em Belo Horizonte mancham de roxo todo o estado mineiro: o nome do que poderia ser um doce agora é a vitrine da música mineira. Nesse ponto, o Jambolada passa de um festival de cidade do interior de minas gerais com nome de fruta a um festival a nível nacional com nome de fruta.
Com os patrocínios mantidos, o 4º festival trás dois palcos no mesmo Acrópole onde foi realizado em 2007. Mas o ultimo dia retorna a UFU a fim de se encerrar um ciclo de dez anos. A curadoria do festival consegue administrar o patamar de diversidade alcançado da forma que sugere o liquidificador que dá identidade visual ao festival: enquanto nos dois primeiros dias as hélices picotaram os jambolões com muito frenesi, na tarde tranqüila e dançante do domingo foi dia de tomar um suco, pegar os violões e voltar para as barracas.
Ossos do ofício
As entrevistas que foram base para essa matéria foram gravadas num brainstorm multimidiatico que contou com Jovem Palerosi e Felipe Silva, do Independência ou Marte, e Tássio Lopes, da Webtv Goma. Além da participação dos entrevistados Pablo Capilé, Daniel Zen, Tales Lopes, Enzo Banzo e Alessandro. Hoje vai ao ar o programa especial do Independência ou Marte sobre o Jambolada, as 22 horas, com transmissão ao vivo em www.radio.ufscar.br/.
Agradecimentos especiais aos acolhedores Grazi, Enzo Banzo e o pequeno brilhante Zé.
Ecos Falsos no Outs - sexta feira 19
“Em vez de estar escrevendo isso, eu preferia estar produzindo um disco dos Ecos Falsos. Por quê? Porque quando eu fui ouví-los todo orgulhoso com a farinha da minha experiência, eles vieram com um bolo inesperado, e eu comi até mais do que queria. Esses profanos, esses agnósticos, esses heréticos são bons pra diabo!” Tom Zé A banda formada em 2002 por Gustavo Martins, Daniel Akashi e Felipe Daros nos vocais, baixo e guitarra e Davi Rodriguez na bateria, tem entre suas influências Frank Zappa, Queens of the Stone Age e Ultraje a Rigor, o que não podia dar resultado melhor. O jeito debochado dos caras e sua critica ao hype lhe renderam algumas dificuldades no início da carreira, mas foi justamente a crença no que fazem que o destacaram das bandas atuais. |
Vocês estão pensando em lançar algo novo? Coloca uns celulares pra ganhar grana com os clipes. texto por Estefani Medeiros fotos por Felipe Costa e Eduardo Mazzoco |
terça-feira, 16 de setembro de 2008
A cara pra bater
+ São Paulo, Projeto CICAS, 14.09.2008. Por Carlos Remontti.
Todo mundo sabe o quanto a periferia, além de passar o maior perrengue com transporte, educação, médico, etc, tem um lance ainda mais foda, que é a falta de espaços pra comunidade ter acesso à diversão e ao entretenimento.
E é uma experiência muito louca quando você vai pra esses lugares levar o seu trampo. Seja música, grafite, literatura, enfim, qualquer coisa encontra ali uma receptividade que você não vê nos “grandes centros”, saca?
Aí que tocar lá no Parque Edu Chaves, no CICAS, e de novo sob a batuta do Sinfonia de Cães, foi mais uma vez uma coisa que vai marcar a gente. Encontrar gente que você nunca vai ver num show de rock por aqui, ver a cara de feliz dos caras quando você foi lá e só levou alguns livros pra biblioteca do lugar. Ver uns moleques pilhado com a aparelhagem, um outro que, sozinho, lá no canto dele, sacou o violão e começou a dedilhar uma moda, de sorriso tímido e contando que tá aprendendo e tal... Enfim, é foda. É uma realidade que você sabe que existe, mas só sentindo na pele pra se ligar qual é.
E os cães, junto com uns brothers lá da área, acharam esse pico abandonado. Que era um centro comunitário e que foi parando e o lugar ficou largado. Aí que esses caras tão lá revitalizando o lugar. Pintaram, carpiram, puxaram luz, água, montaram uma biblioteca, todo fim de semana tem oficina cultural, cinema, grafite, e por aí vai.
Definitivamente, não é pra qualquer um. Só quem pensa pra frente, que não teme a trêta, que toma porrada e levanta pronto pra outra, e que fica mais forte dia após dia, só esse tipo de gente que pode fazer a coisa funcionar. E ainda sem pedir mérito por nada.
Talvez você nunca tenha ido a um lugar igual ao que a gente foi nesse fim de semana. Ou talvez tenha até ido e achado legal. E só. Mas o lance é que não era mais um show do La Carne. O que pegava ali era ir na área dos caras e dizer mais ou menos assim: “Olha brother, vamos curtir aqui e você vai ver que isso pode ser bacana, ok?”. Algo assim. Aí, se tinha banda, legal. Mas, se não tivesse, ia rolar do mesmo jeito, sacô? O barato ali era ver os caras chegando e acreditando que o lance pode rolar. E que, mesmo sem apoio de vereador e o escambau, eles tem uma saída.
Aí que você pode, comodamente, da poltrona da tua casa, achar que tá tudo fudido. Que “a cena” pras bandas underground tá mó panela. Que aquele “produtor” não topou colocar sua banda no tal festival hipado só porque você não tem contatos, etc, etc, etc. E aí você vai virando aquele cara rancoroso e desiludido. Triste. Mas cair na estrada, encarar roubada, dar a cara pra bater, isso talvez você não faça. Mas é porque sua pegada é outra, né? Então tá.
E lá no Cicas também tocaram mais dois hermanos. Ligaram os instrumentos, disseram “Hola” e mandaram ver. Vieram lá da Argentina. Não, não é logo ali. Tem que ter a moral, sim senhor.
De Taubaté veio o Seamus. Haviam tocado em Mogi no sábado. Voltaram pra Taubaté de madrugada. No final da tarde, de volta pra São Paulo. E não foi pra tocar em lugar descolado. Foi pra tocar no Parque Edu Chaves. Em um lugar que tinha gato pra conseguir luz. E que, ao invés de uísquezinho pras sub-celebrities, teve pipoca e suco. Comprometimento. Sacô? O mesmo Seamus que agiliza um festival lá em Pindamonhangaba – sabe onde é? Pra você ver...
Então, só pra não alongar mais o argumento, é disso que estamos falando. De gente que vai sair dessa vida com um sorrisão na cara e dizendo: “Pronto. Fiz minha parte. Curti. Aproveitei. Me fodi. Fiz tudo errado. Depois acertei. Errei de novo. Acertei mais uma. E não me arrependo de porranenhuma.”
E é isso. A gente, sinceramente, não sabe como agradecer a tudo que esses elementos do Sinfonia de Cães já fizeram. E não por nós, mas por toda mundo que eles já ajudaram.
Um dia eu ainda vou contar pra eles sobre uma imagem que tenho sempre na mente. Um sonho talvez, sei lá, não lembro direito. É algo que tem a ver com lutar por uma causa, saca? Meio que viver - e morrer também - por algo. E é sério, parece karma, mas a gente sempre tá no mesmo lado da briga. Puta cena bonita de se ver...
Sei não, mas, se existe, acho que em outra vida a gente quebrou muita estrutura junto. E pelo jeito essa nossa história ainda tá cheia de muros pra derrubar.
Tâmozaí.
“...Contra a corrente desde sempre, baby...
E contra os abutres que devoram devagar...
Tolice pode ser, mas é assim que eu sei lutar...”
[Diário de Bordo do La Carne - http://www.lacarne.com.br ]
Ed Motta x Álvaro Pereira Júnior no Altas Horas
Vanguart no Studio SP
Teve dois dias que fui lá na semana passada e tive o prazer de ver os caras tocando, uma delas de surpresa. E que bela surpresa!
Tava eu lá no Studio SP, meio que sem querer (juro!) e descubro que era show do Mundo Livre SA. A fila era imensa, por sorte não desfrutei dela. Mas achei animal ter caído bem no dia que entrei lá, assim, sem intenção de nada...
Perambulando por entre as pessoas encontro os bonitões do Vanguart (no caso, Douglinhas, Hélio, e Lazzzzza) e achei estranho eles irem pro camarim com os instrumentos, o show deles era só sexta feira! Depois de um tempo que descobri toda a verdade...
Eles foram chamados pra fazer uma participação no show, tipo umas 5 da tarde daquele dia, e no camarim eles ainda tavam passando o som pra ficar redondinho! Te falar q ficou bélooo...
Ai teve o show de sexta...
Te falar q foi forte, várias emoções no ar.
A casa não estava tão cheia como de costume, mas as pessoas q foram representaram cada segundo. Foi um dia bem gostoso...
Agora é esperar os próximos!
domingo, 14 de setembro de 2008
Show do Matanza no Outs
http://www.myspace.com/putodesgraciado
http://www.matanza.com.br/
Ps1.: Essa foto foi uma colaboração e um sacríficio do meu casal de fotógrafos preferidos Rafael Ramos e Tariana Mara.
Ps2: A frase de "Clube dos canalhas" é dedicada a Erika, Litha, Jhon e Du, companheiros de rolê e para todos nós que adoramos fanfarronear, ebaaaa!
Para ver a resenha na íntegra dá uma passada no Zona Punk.