sexta-feira, 26 de setembro de 2008

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Especial Jambolada.

10 anos do acampamento 98 : O incio do festival Jambolada
(Ou a saga de uma frutinha)

Por Pedro Pracchia

De quibes de soja a literatura, música, cabelos e películas (dvds na verdade, exagerei na poesia), o “suco” obtido do liquidificador uberlandense Jambolada reflete a opinião da vocalista do Filomedusa quando diz se sentir num país europeu em Uberlândia.“Eu me sinto na Itália brasileira”. O diálogo entre as vertentes artísticas é estabelecido de maneira natural, num ambiente intrinsecamente propício a elas.

Por dois dias, o festival foi organizado no Acrópole, galpão com grande área externa onde esfihas e quibes vegans eram vendidos junto a sucos naturais. Roupas, tatuagens, o disputado cabeleireiro e os cds ficavam no galpão de trás, próximo ao cinema, onde os filmes que contavam a história da cidade não eram atrapalhados pela música. Era passível, se cinéfilo, entrar ali e esquecer do resto do festival enquanto se assistia um dos curtas metragens. No último dia, as apresentações voltaram a origem quando, cercado de pequenas frutas roxas confundidas em algumas partes do país com azeitonas e malvistas em outras por sujar demais as calçadas de roxo, o espírito do acampamento 98 foi resgatado.

Enquanto as artes ainda lutam pelo desaparecimento de suas divisões nos outros festivais, deviam pleitear ser um organismo, assim como são em Uberlândia. Essa poderia ser a síntese do intuito do coletivo Goma, um “organismo” que organiza o festival. Goma, um estado de matéria nem tão sólida nem tão liquida, é uma substância sem forma definida, que se molda de acordo com o espaço e as forças que nela atuam, vide a goma de mascar ou mesmo a goma arábica. E foi com esse intuito do nome que, ao juntar alunos de diversos cursos da Universidade Federal de Uberlândia em prol de um bem cultural comum, foi germinado nos jambolões o mais acadêmico dos festivais brasileiros.

O Festival

As sextas feiras a noite na Federal de Uberlândia eram regadas a vinho e violões nos bancos embaixo dos jambolões, entre os blocos H e I, até que o reitor resolveu proibir essas “manifestações culturais” dentro do campus. Munidos de barracas, violões e percurssões, uma “malucada” disposta ocupou esse espaço por 15 dias, no que ficou conhecido como acampamento 98.

Quando uma maça caiu na cabeça de Isaac Newton, o físico inglês escreveu a Lei da Gravidade Universal e marcou seu nome na física moderna. Dessa vez, uma chuva de jambolões ideológicos perturbou o sono dos que estavam nas barracas, e produto do acampamento e de toda essa experiência coletiva, não só as barracas ficaram arroxeadas e a posição do reitor foi revista, como germinou bandeiras que desencadearam no Festival Jambolada.

A primeira bandeira foi a busca pelo espaço do som autoral, que já existia ali, dentro da UFU, nas costas de bandas seminais como o Azul de Cavalcante, Santa Manca, Boi Tatá, Tulani e o Pau de Bosta, com a presença de Enzo Banzo e Danislau Também, na época no curso de direito. Em 99, com o programa Escombro na rádio universitária começa a dar vazão a essa produção e é ponto de partida para um segundo patamar de pensamento quanto cenário: começar a pensar na produção do som. O projeto Arte na Praça passa a acontecer todo domingo, gratuitamente, depois da mudança da diretoria de cultura da faculdade.





"Festival Jambolão não cabia, soa meio bobo”. Enzo Banzo

Na Bienal de Arte da Uni no Rio de Janeiro, em 2001, a única cidade com duas bandas selecionadas era representada por Boi Tatá e Pau de Bosta. A recepção dos dois trabalhos e o feedback do público fortalecem uma autoestima por parte dos integrantes. Na volta, Tales do Boi Tatá assumi junto com Alessandro (parceiro de ciências sociais, baladas e idéias ) a produção do Pau de Bosta, que em 2003 muda o nome para Porcas Borboletas. No mesmo ano, Alessandro deixa a produção do Porcas Borboletas e passa a produzir a banda de hardcore Dead Smurfs, hoje do cast da Fora do Eixo Discos.

Quando o Porcas Borboletas consegue aprovar a gravação do primeiro disco, no primeiro ano da lei municipal de incentivo a cultura, Alessandro retoma com Tales o projeto Jambolada apresentado em 2001 a Gabriel Munhoz, Pró Reitor de Extensão e Cultura. Mas o foco agora, em vez de mostra de artes integradas, era um festival de música independente.
O primeiro festival foi realizado em 2005. A verba de 13 mil reais trouxe 10 bandas divididas em dois dias no Sesc da cidade, com entrada gratuita.

Com as atenções voltadas a cidade de 620 mil habitantes do triângulo mineiro, o diálogo com as organizações centrooestianas Espaço Cubo e Monstro Discos estreita ao ponto do Jambolada (mas se não é uma chuva, seria um doce de Jambolões?) entrar para a Abrafin com apenas uma edição. O que as pessoas responsáveis por representar a entidade encontraram foi uma galera disposta a trabalhar dentro dos princípios que julgavam necessários para a criação da associação. Meses depois, seria fechado o estatuto da Associação Brasileira de Festivais Independentes, e o segundo artigo diria (e ainda diz) que o festival só pode fazer parte depois de três edições realizadas em anos consecutivos.

O inconsciente coletivo, numa bem livre interpretação dos conceitos de Carl Jung, pode ser definido como a árvore que segura todos os jambolões (indivíduos), cada jambolão terá sua própria experiência que o tornará único e formará seu incosciente pessoal (um vira doce, outro espatifa na calçada, outro dá idéia pra nome de festival, etc..). Mas existiriam arquétipos presentes no inconsciente de todos eles que o fariam, sobre o mesmo estimulo, chegar a mesma conclusão (algo como no fundo somos todos da mesma árvore...)

A identificação entre Pablo Capilé (idealizador do Espaço Cubo) e Tales foi além de apenas dois organizadores de festivais. Geograficamente longe do centro midiático do país São Paulo – Rio de Janeiro (numa época em que a republica do café com leite já completa muitos anos de sumiço...), a necessidade comum ao pensamento dos dois era aglutinar a ebulição cultural dos pólos que não eram pauta da mídia de massas, alternativa aos efeitos Claudia Leite e Nx Zero (como estrutura de mídia, veja, não há juízo de valor aqui). No bloco 3N da Ufu, um bate papo esboça o que viria a ser o Fora do Eixo. Depois do Jambolada, o Cubo segue para o Varadouro, no Acre, Demosul, em Londrina... o Fora do Eixo se oficializa junto com a Abrafin no final de 2005 em Goiânia, mas essa é outra história.

Assim, o segundo festival Jambolada acontece amparado na fé que tinha nessas estruturas, ainda engatinhando. Sem patrocínios, o festival consegue trazer 22 bandas (uma internacional) baseado nessa troca de experiências e no intercambio de bandas com outros coletivos.


Blog porcas borboletas, 2006:
“Quem já comeu jambolão sabe que ele deixa, por um bom tempo, um azul cor de noite na língua. Não sai com água nem com álcool.”


Acreditar na continuidade dessas estruturas (e no poder oculto do jambolão) e organizar o festival de 2006 contra a maré dos princípios lógicos trás bons frutos em 2007: com projeto aprovado na esfera pública pela lei de incentivo municipal e na esfera privada por um projeto da Natura criado especificamente para o estado mineiro, o festival chega ao orçamento de 160 mil reais. As prévias em Belo Horizonte mancham de roxo todo o estado mineiro: o nome do que poderia ser um doce agora é a vitrine da música mineira. Nesse ponto, o Jambolada passa de um festival de cidade do interior de minas gerais com nome de fruta a um festival a nível nacional com nome de fruta.

Com os patrocínios mantidos, o 4º festival trás dois palcos no mesmo Acrópole onde foi realizado em 2007. Mas o ultimo dia retorna a UFU a fim de se encerrar um ciclo de dez anos. A curadoria do festival consegue administrar o patamar de diversidade alcançado da forma que sugere o liquidificador que dá identidade visual ao festival: enquanto nos dois primeiros dias as hélices picotaram os jambolões com muito frenesi, na tarde tranqüila e dançante do domingo foi dia de tomar um suco, pegar os violões e voltar para as barracas.

Ossos do ofício

As entrevistas que foram base para essa matéria foram gravadas num brainstorm multimidiatico que contou com Jovem Palerosi e Felipe Silva, do Independência ou Marte, e Tássio Lopes, da Webtv Goma. Além da participação dos entrevistados Pablo Capilé, Daniel Zen, Tales Lopes, Enzo Banzo e Alessandro. Hoje vai ao ar o programa especial do Independência ou Marte sobre o Jambolada, as 22 horas, com transmissão ao vivo em www.radio.ufscar.br/.

Agradecimentos especiais aos acolhedores Grazi, Enzo Banzo e o pequeno brilhante Zé.

Ecos Falsos no Outs - sexta feira 19

“Em vez de estar escrevendo isso, eu preferia estar produzindo um disco dos Ecos Falsos. Por quê? Porque quando eu fui ouví-los todo orgulhoso com a farinha da minha experiência, eles vieram com um bolo inesperado, e eu comi até mais do que queria. Esses profanos, esses agnósticos, esses heréticos são bons pra diabo!” Tom Zé

Assistindo ao show do Ecos Falsos na sexta no Outs, fui obrigada a concordar com o mestre tupiniquim. Em meio a um clima descontraído, quase familiar, a banda abriu a apresentação com “Bolero Matador”. O troca-troca de instrumentos e o revezamento de vocais durante o show mostrou que os caras não se preocupam com a disposição padrão no palco e as diferenças gritantes entre as músicas refletem as variadas influências da banda. O público animado dançou ao som de “A revolta da musa”, “A última palavra em fashion”, a introspectiva “Reveillon”, que já concorreu ao VMB, e “Sobre ser sentimental” que lembra os melhores sons do “Lullabies to paradise” do Queens of Stone Age.

A banda formada em 2002 por Gustavo Martins, Daniel Akashi e Felipe Daros nos vocais, baixo e guitarra e Davi Rodriguez na bateria, tem entre suas influências Frank Zappa, Queens of the Stone Age e Ultraje a Rigor, o que não podia dar resultado melhor. O jeito debochado dos caras e sua critica ao hype lhe renderam algumas dificuldades no início da carreira, mas foi justamente a crença no que fazem que o destacaram das bandas atuais.
Aproveitamos o show que a banda fez no Outs, no último fim-de-semana, e batemos um papo com Daniel, Davi e Gustavo. Felipe tinha cortado o pé e apareceu na hora do show, por isso tocou sentado. Eles falaram um pouco sobre a cena indie, as participações de “Descartável vida longa” e prometeram material exclusivo para os fãs.

Vocês estão pensando em lançar algo novo?
Gustavo:
Já fez um ano desde o lançamento do disco. Ainda tem muitos lugares que não tocamos. Vamos divulgar o disco até o começo do semestre que vem. Mas no fim do ano nós estamos trabalhando em duas surpresas. Um é presente mesmo e é de graça.
Davi: A gente quer fazer um kit multimídia do Ecos Falsos. É coisa nova.
Gustavo: É um EP surpresa que a gente vai fazer até novembro. Um presente pré-Natal. Podia chamar "Pré-Natal", né?
Daniel: Não, aí vai soar meio Raimundos, tipo "Cesta Básica". (risos) Gustavo: Paralelo a isso estamos trabalhando no disco novo. Prometemos que íamos dar uma parada nos shows, mas ainda não conseguimos. Estamos pensando em largar o trampo só para tocar. Mas, acho que isso é um plano talvez para o ano que vem.
Davi: Não acredito que estou ouvindo isso. Isso é muito mais primeira mão do que nosso kit de Natal. (risos)
Gustavo: Se eu ganhar na loteria, até rola. O Davi não faz nada e o Felipe também desde que não corte o pé no caco de vidro como fez hoje. A gente pode virar só modelo de propaganda, que tem uma agenda menos afetada.

Coloca uns celulares pra ganhar grana com os clipes.
Gustavo: Isso, vamos investir em merchandising. Podemos conversar com o Rick Bonadio, de repente o Rick tem uma proposta. (risos)
Davi: Podemos também entrar numa comunidade de figurantes. (risos)
Gustavo: Nós já estivemos na lista do Rick Bonadio uma vez. É uma história longa. Um amigo nosso estava na comunidade do Rick Bonadio, a comunidade só tem puxa-saco. O Bonadio entra nessa comunidade e fica falando, dando dicas. Ele ia fazer uma coletânea com as bandas, aí um cara me ligou e falou “cara, entra na comunidade finge que você já está faz tempo e manda uma demo de vocês, por que só tem banda ruim, assim não vai rolar a coletânea”, então entramos e colocamos uma música nossa. E nós tínhamos sido uma das bandas escolhidas, só que no fim das contas, chegava uma hora que tinha que pagar. Eles até lançaram depois pela Arsenal, devem ter prensado duas cópias pra cada banda. (risos) Por que essa era a lista de Deus... Tinha um post em que ele falava o que fazia uma banda dar certo. Aí eu entrei pra olhar e ele dizia assim, “pra eu escolher uma banda tem que ter talento, mas além de tudo tem que ser escolhida por Deus, tem que ter um toque divino.” No fim dava a entender que ele era Deus. (risos)

Em “A última palavra em fashion” vocês criticam essa onda hype e a galera que cultua tudo que vem de fora do país, os famosos enlatados.
Gustavo: Quando você escreve uma letra, às vezes você quer dizer uma coisa e acaba dando outro significado. Quando eu escrevi “A última palavra em fashion” eu estava pensando musicalmente, tinha essa impressão da cena indie e de bandas nacionais. Era uma coisa de imitar modelos que estavam rolando em Nova York. Tinha uma época que a galera exagerava no Pixies, no Wezeer que eu adoro, mas era uma coisa que o pessoal gostava por estar rolando em NY e assim saiu o refrão: “Como assim? Você não viu? Se é bom pra Nova Iorque é bom para o Brasil” e representava um pouco nosso sentimento de outsider, sabe? Não ter o espírito muito reverente, somos mais irreverentes.
Davi: A gente faz esse tipo de protesto, mas somos muito pop pra punk de protesto e somos muito protesto para ser pop.
Gustavo: Tipo, esses dias está na onda do electro, aí todo mundo gosta de electro.
Davi: Eu nunca disse para vocês, mas acho que essa podia ser uma música que o Dead Kennedys tocaria. Tipo de humor irônico e sarcástico.
Gustavo: Mas, não é coisa que a gente leva tão a sério. Não adianta importar modelos para o Brasil. Esse nem é um país de roqueiro, é diferente, aqui o rock significa outras coisas. E isso é a idéia dessa letra, por isso escolhemos esse nome pro EP.

Como foi trocar o selo independente pela a Monstro Records?
Gustavo: A gente realmente gosta o trabalho da Monstro. Fizemos o Goiânia Noise e fomos nessa, não queríamos ficar batendo em porta de gravadora, já tínhamos o contato. Eles pegaram uma cidade que vive do sertanejo e conseguiram criar um público legal lá, é muito bom o que eles fazem.
Davi: É um selo coerente com o que estamos fazendo. Foi mais um lance de parceria, fazer essas coisas de divulgação que agente não tem muito tempo pra fazer.
Gustavo: Nosso trabalho não mudou por causa disso, nós continuamos nos produzindo. Mas, eles resolvem coisas de direitos autorais e tudo mais.

Vocês trabalharam com a Fernanda Takai, com Sérgio Serra e com o Tom Zé. Qual a relação de vocês com eles e o que essas parcerias significam para a banda? Vocês sabem que tem gente que só usa esse tipo de participação para se promover.
Gustavo: Bem, não é esse nosso caso. Até por que, cada participação teve uma história. A primeira é o Tom Zé. Atrás da capa do nosso EP tem uma frase do Tom Zé em que diz que ouviu e gostou muito. Eu entreguei a primeira demo de 2004 pra ele, fui em sua casa, ele sugeriu umas coisas para a música. Mas, quando agente falou de “A revolta da musa” ele adorou e gravamos. Ele tem muito a ver com o refrão: “Ó minha musa, isso não se faz, isso não se usa. Você sabe que um artista não se dá bem com a recusa”, se você ouvir a história do Tom Zé, ele foi de um tamanho ostracismo. Essa música fala do reconhecimento do artista. Ele cantando deu outro significado pra música. Já o Ultraje é uma banda que agente já gostava quando o Sérgio Serra viu um show nosso e curtiu bastante. Um tempo depois a gente organizou junto com o Rock Rocket um tributo ao Ultraje a Rigor e pedimos pra ele tocar. Ele gostou da idéia e ensaiou com a gente.
Davi: E foi engraçado pra caralho por que na gravação a gente foi trocando idéia e quando chegou ao estúdio e fomos tocar, para testar a guitarra ele fazia uns solos...E foi uma coisa fascinante por que sempre ouvi Ultraje a Rigor e ver o cara gravando e perguntando se está bom é muito legal. A gravação acabou pegando uns 3 solos ao meso tempo. Já com a Fernanda Takai, a gente estava pensando em chamar alguma voz feminina pra um dueto e recebemos essa dica de um amigo. Mandamos um e-mail convidando e ela respondeu. Ela falou vamos fazer, manda a música. Para gravar fomos trocando e-mail, não nos encontramos. Mas, depois conversamos com ela em situações diferentes.

Uma coisa que é perceptível em vocês é que sempre estão buscando algo diferente do que existe na cena. Mas, vocês não têm medo disso virar um paradigma? De repente de exceção passar a ser regra?
Davi: Não é que a gente é contra regra. Mas, na hora que a gente virar regra, a gente vai ser contra-regra e não vai achar ruim. Não é tipo “que merda, eu era diferente, agora as pessoas gostam de mim e eu não gosto mais de mim.”
Gustavo: Eu acho que isso não é uma coisa que a gente se preocupa. Mesmo que a gente seja ou pareça diferente, no meu ver a nossa maneira de fazer musica não é tipo “olha esse disco, vamos fazer umas coisas que nem essa banda”. Para nós musica é presença, o que nós somos, o que a gente ouve, fala. Isso é a nossa música.
Davi: É foda você deixar de ser o que é pra tentar se um outro.
Gustavo: Então, para a gente não é uma questão de “eles tão fazendo isso vamos fazer outra coisa”. O que fazemos, para o nosso azar, não está na moda. Pode ser que uma hora esteja. Desde que não seja uma coisa como “ah, o Blink (182) é uma banda que todo mundo curte vamos fazer um som parecido, se vestir parecido, as menininhas vão adorar”, pode ser que isso te represente, mas é triste, né?
Davi: Parece até que agente é meio control freak com as coisas, mas é o que fazemos e o que achamos que temos que fazer.
Gustavo: Não digo que não tenhamos entrado nessa onda. Todas as primeiras músicas que eu fiz eram plágios do Foo Fighters, eu me ouvia e lembrava dos riffs deles. Mas, acho que é normal começar assim, eu gosto de banda que pelo menos tentae fazer o som deles.
Davi: Não quer dizer que não gostamos de bandas que pareçam com outras, existe nessa viagem toda uma questão de gosto, não basta só ser diferente. O problema é que é tudo muito radical hoje em dia. Metal tem que ser metal, punk tem que ser punk, hardcore tem que ser hardcore. É natural do Brasil, a gente está muito acostumado a comer só, temos que parar e olhar um pouco.
Gustavo: Nossa questão é da autencidade, o que mais me frustra é conhecer um som em que o cara está fazendo aquilo, mas não é a linguagem dele, não representa ele. Se você está fazendo aquilo por que é autêntico, sendo sincero vai ser coerente. Pode ser HC ortodoxo até, é bom se for a verdade dos caras. E se o som que nos representa virar regra, ótimo. A nossa regra é ser autêntico, se isso virar padrão maravilha, mas acho que nunca vai virar.


texto por Estefani Medeiros

fotos por Felipe Costa e Eduardo Mazzoco

terça-feira, 16 de setembro de 2008

A cara pra bater

(achei muito bom e tive q postar)

+ São Paulo, Projeto CICAS, 14.09.2008. Por Carlos Remontti.


Todo mundo sabe o quanto a periferia, além de passar o maior perrengue com transporte, educação, médico, etc, tem um lance ainda mais foda, que é a falta de espaços pra comunidade ter acesso à diversão e ao entretenimento.

E é uma experiência muito louca quando você vai pra esses lugares levar o seu trampo. Seja música, grafite, literatura, enfim, qualquer coisa encontra ali uma receptividade que você não vê nos “grandes centros”, saca?

Aí que tocar lá no Parque Edu Chaves, no CICAS, e de novo sob a batuta do Sinfonia de Cães, foi mais uma vez uma coisa que vai marcar a gente. Encontrar gente que você nunca vai ver num show de rock por aqui, ver a cara de feliz dos caras quando você foi lá e só levou alguns livros pra biblioteca do lugar. Ver uns moleques pilhado com a aparelhagem, um outro que, sozinho, lá no canto dele, sacou o violão e começou a dedilhar uma moda, de sorriso tímido e contando que tá aprendendo e tal... Enfim, é foda. É uma realidade que você sabe que existe, mas só sentindo na pele pra se ligar qual é.

E os cães, junto com uns brothers lá da área, acharam esse pico abandonado. Que era um centro comunitário e que foi parando e o lugar ficou largado. Aí que esses caras tão lá revitalizando o lugar. Pintaram, carpiram, puxaram luz, água, montaram uma biblioteca, todo fim de semana tem oficina cultural, cinema, grafite, e por aí vai.

Definitivamente, não é pra qualquer um. Só quem pensa pra frente, que não teme a trêta, que toma porrada e levanta pronto pra outra, e que fica mais forte dia após dia, só esse tipo de gente que pode fazer a coisa funcionar. E ainda sem pedir mérito por nada.

Talvez você nunca tenha ido a um lugar igual ao que a gente foi nesse fim de semana. Ou talvez tenha até ido e achado legal. E só. Mas o lance é que não era mais um show do La Carne. O que pegava ali era ir na área dos caras e dizer mais ou menos assim: “Olha brother, vamos curtir aqui e você vai ver que isso pode ser bacana, ok?”. Algo assim. Aí, se tinha banda, legal. Mas, se não tivesse, ia rolar do mesmo jeito, sacô? O barato ali era ver os caras chegando e acreditando que o lance pode rolar. E que, mesmo sem apoio de vereador e o escambau, eles tem uma saída.

Aí que você pode, comodamente, da poltrona da tua casa, achar que tá tudo fudido. Que “a cena” pras bandas underground tá mó panela. Que aquele “produtor” não topou colocar sua banda no tal festival hipado só porque você não tem contatos, etc, etc, etc. E aí você vai virando aquele cara rancoroso e desiludido. Triste. Mas cair na estrada, encarar roubada, dar a cara pra bater, isso talvez você não faça. Mas é porque sua pegada é outra, né? Então tá.

E lá no Cicas também tocaram mais dois hermanos. Ligaram os instrumentos, disseram “Hola” e mandaram ver. Vieram lá da Argentina. Não, não é logo ali. Tem que ter a moral, sim senhor.

De Taubaté veio o Seamus. Haviam tocado em Mogi no sábado. Voltaram pra Taubaté de madrugada. No final da tarde, de volta pra São Paulo. E não foi pra tocar em lugar descolado. Foi pra tocar no Parque Edu Chaves. Em um lugar que tinha gato pra conseguir luz. E que, ao invés de uísquezinho pras sub-celebrities, teve pipoca e suco. Comprometimento. Sacô? O mesmo Seamus que agiliza um festival lá em Pindamonhangaba – sabe onde é? Pra você ver...

Então, só pra não alongar mais o argumento, é disso que estamos falando. De gente que vai sair dessa vida com um sorrisão na cara e dizendo: “Pronto. Fiz minha parte. Curti. Aproveitei. Me fodi. Fiz tudo errado. Depois acertei. Errei de novo. Acertei mais uma. E não me arrependo de porranenhuma.”

E é isso. A gente, sinceramente, não sabe como agradecer a tudo que esses elementos do Sinfonia de Cães já fizeram. E não por nós, mas por toda mundo que eles já ajudaram.

Um dia eu ainda vou contar pra eles sobre uma imagem que tenho sempre na mente. Um sonho talvez, sei lá, não lembro direito. É algo que tem a ver com lutar por uma causa, saca? Meio que viver - e morrer também - por algo. E é sério, parece karma, mas a gente sempre tá no mesmo lado da briga. Puta cena bonita de se ver...

Sei não, mas, se existe, acho que em outra vida a gente quebrou muita estrutura junto. E pelo jeito essa nossa história ainda tá cheia de muros pra derrubar.

Tâmozaí.

“...Contra a corrente desde sempre, baby...
E contra os abutres que devoram devagar...
Tolice pode ser, mas é assim que eu sei lutar...”

[Diário de Bordo do La Carne - http://www.lacarne.com.br ]

Ed Motta x Álvaro Pereira Júnior no Altas Horas

Vanguart no Studio SP


Teve dois dias que fui lá na semana passada e tive o prazer de ver os caras tocando, uma delas de surpresa. E que bela surpresa!
Tava eu lá no Studio SP, meio que sem querer (juro!) e descubro que era show do Mundo Livre SA. A fila era imensa, por sorte não desfrutei dela. Mas achei animal ter caído bem no dia que entrei lá, assim, sem intenção de nada...
Perambulando por entre as pessoas encontro os bonitões do Vanguart (no caso, Douglinhas, Hélio, e Lazzzzza) e achei estranho eles irem pro camarim com os instrumentos, o show deles era só sexta feira! Depois de um tempo que descobri toda a verdade...
Eles foram chamados pra fazer uma participação no show, tipo umas 5 da tarde daquele dia, e no camarim eles ainda tavam passando o som pra ficar redondinho! Te falar q ficou bélooo...

Ai teve o show de sexta...

Te falar q foi forte, várias emoções no ar.
A casa não estava tão cheia como de costume, mas as pessoas q foram representaram cada segundo. Foi um dia bem gostoso...

Agora é esperar os próximos!

domingo, 14 de setembro de 2008

Show do Matanza no Outs

"Farra pra tudo é um bom remédio e só um idiota completo morre de tédio. Queremos todo dia tudo isso, o que a vida tem de bom!"


Latas de cerveja vazias, pertences perdidos pelo chão e muitas, mas muitas camisetas molhadas de suor. Foi só o que sobrou no Outs ontem depois do show do Matanza. Os caras colocaram a casa de cabeça para baixo e os fãs fiéis enfrentaram a chuva fina e a fila que chegou a 1 km às 2hs da madruga para ver os cariocas se apresentarem.
O show foi aberto pela banda de metal core paulistana Desgraciado, que apesar de alguns problemas técnicos mandou bem seu recado. A pegada rápida do punk rock, com peso de metal e muitos guturais, mantém a fórmula abençoada dos sons pesados e sem frescura, bom como há muito tempo não ouvia. Para aquecer a galera, os caras ainda tocaram “Cidade dos meus pesadelos” do Cólera e “Polícia” dos Titãs.
Depois da espera angustiante dos fãs, um a um os caras sobem ao palco. Quando finalmente o vocalista Jimmy completa a formação, várias rodas de bate-cabeça se espalham pela casa ao som de “A arte do insulto”, “Ela roubou meu caminhão” e “Eu não gosto de ninguém”. Nunca vi o Outs ficar tão pequeno. Tinha gente nas escadas, em cima das cadeiras e vez ou outra eu era surpreendida por alguém passando em cima da minha cabeça, em um dos “moshes” que a galera fez.
De acordo com a nota do guitarrista Donida no site, o show foi feito com Mauricio Nogueira (ex-Torture Squad). Como de bom costume levantaram o Jhonny Cash da cova com as covers e os palavrões e insultos soavam para a platéia como um convite a próxima música. Na saideira da banda, já dava pra sentir a ressaca chegando, mas a sensação nunca foi tão extasiante.
Que os shows do Matanza são cheios de energia e que não deixam a desejar quando o assunto é interação com o público eu já sabia. Mas, só quando estamos no empurra-empurra, transpirando música, dando risada e ouvindo os nossos sons preferidos, que percebemos a importância desses momentos em nossas vidas.
Para conhecer o som do Desgraciado entre em:
http://www.myspace.com/putodesgraciado
Para saber informações sobre o Matanza:
http://www.matanza.com.br/

Ps1.: Essa foto foi uma colaboração e um sacríficio do meu casal de fotógrafos preferidos Rafael Ramos e Tariana Mara.

Ps2: A frase de "Clube dos canalhas" é dedicada a Erika, Litha, Jhon e Du, companheiros de rolê e para todos nós que adoramos fanfarronear, ebaaaa!

Para ver a resenha na íntegra dá uma passada no Zona Punk.

terça-feira, 2 de setembro de 2008

The Donnas de volta ao Brasil


Depois de dar a volta ao mundo com a turnê de Bitchin, a gravadora Ataque Frontal confirma o retorno do quarteto californiano ao país para três shows. Quem perdeu o primeiro somzaço das moças por aqui vai ter uma boa oportunidade de curtir os clássicos “Take it off” e “40 boys in 40 nights” no Inferno Club, em São Paulo.

Ainda não foram decididas bandas de abertura e valores dos ingressos. Mas, se curtir esse som com influências do hard e rock and roll que não perde o viés feminino, reserve essa data na agenda.

Datas:
01/11 – Natal (RN) – Festival Dosol0
2/11 – São Paulo (SP) – Inferno Club0
3/11 – Porto Alegre (RS) – Manara


Para conhecer a banda: http://www.thedonnas.com/
Para ouvir Bitchin: www.myspace.com/thedonnas